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Trauma

  • Foto do escritor: Marlyvan Moraes
    Marlyvan Moraes
  • 23 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de jul.

malas antigas empilhadas num mercado de pulga

Trauma é o que não se representa.

O não dito. O que não tem significante.


Walter Benjamin em O Narrador (1936)

diz que “Com a guerra mundial tornou-se manifesto um processo que continua até hoje. No final da guerra, observou-se que os combatentes voltavam mudos do campo de batalha não mais ricos, e sim mais pobres em experiência comunicável”.[1] (1994, p.198)


O trauma se recolhe no inconsciente, recalcado parece não encontrar saída, escondido, sem força comunicativa. Seu estado é de latência, como uma virtualidade que pode se atualizar a qualquer instante, desde que consiga ser dito. “Nossa terapia atua transformando o inconsciente em consciente e só tem efeito na medida em que pode levar a cabo essa transformação”.[2] (Freud: 1917, p.374)


Ele é um acontecimento intolerável, uma excitação fora do comum, um fluxo de energia acumulado, no limite. Sua força é tão grande que deve ser contida, sob o risco de provocar uma explosão e destruir o sujeito. O trauma não encontra a linguagem, mas se deixa ver como sintoma, um índice de manifestação do que está “esquecido”. “O sintoma possui um sentido e guarda relação com as vivências do enfermo”. [3](Freud: 1917, p. 343). O sintoma revela sua presença, mas não o revela.


O trauma é um acontecimento, mas, ao ser rememorado, aparece como uma fantasia mais feroz do que o próprio acontecimento. Diante dele, o aparelho psíquico entra em ação, e, quase como uma autopoiese, busca todas as suas forças para restabelecer o seu próprio funcionamento.


Uma mulher corre para o quarto próximo ao seu sempre e dá ordens a sua funcionária. Ela se posta ao lado de uma mesa coberta com uma toalha manchada. Repetitivo esse comportamento inexplicável é impossível de evitar. A neurose obsessiva se apresenta. “Os sentidos do sintoma” é o nome do texto. (Freud, 1917, p. 279).


O trauma não se revela quando acontece. O acúmulo de excitação que o caracteriza não deixa que isto ocorra. Ele precisa ser elaborado, mas não há tempo ou espaço para que isto ocorra. Tudo nele é excessivo e, por isso, empurrado para dentro do psiquismo, recalcado e impedido de aparecer por uma força de resistência que o mantém preso no inconsciente.


[1] Benjamin, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.

[2] Freud, Sigmund. Obras completas volume 13. São Paulo: Cia das letras, 2014.

[3] Freud, Sigmund. Obras completas volume 13. São Paulo: Cia das letras, 2014.

 
 

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