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Meu livro de cabeceira nem mesmo folhas tem. Ele se desenha eletronicamente em páginas sem peso, sem textura, sem cheiro. Aqui estão rabiscos, esboços de um processo de dedicação à psicanálise. O primeiro texto trata do conceito de Trauma, o segundo sobre a cena pintada por André Brouillet, em 1887, Une leçon clinique à la Salpêtrière.

A histeria é uma história e um feito masculino sobre mulheres silenciadas, proibidas de realizar seus desejos que, encruados explodem em sintomas físicos capazes de entortar seus corpos em convulsões que revelam o que não seria socialmente permitido. Talvez essa fosse a única forma de escapar da opressão desse poder do patriarcado.

O trauma se recolhe no inconsciente, recalcado parece não encontrar saída, escondido, sem força comunicativa. Seu estado é de latência, como uma virtualidade que pode se atualizar a qualquer instante, desde que consiga ser dito.